tudo o que nos fez tornou-se
obsoleto
e que prazer
a obsolescência é um oceano de decência
a nossa dissidência nasce de sermos a falta de concorrência
Não seremos concorrentes
Não seremos correntes
nem corredores
Roedores
roer roer roer roer roer
os cabos
que nos fizeram acontecer
e que
agora
são as veias secas das nossas cidades
uma grande lição é que as ligações passadas,
as obsoletas,
servem agora de estrutura para as novas
não tão obsoletas
mas por quanto tempo?
Na era da eficiência escolhemos
a beleza da deficiência
a canção da composição
a margem da ferrugem
viver nessa bela interseção
entre o que é e o que será
obsoleto
para quê ser uma bateria de lítio?
se posso ser uma pilha de 9 volts
que se pode testar com a língua
e que prazer
Este é o nosso manifesto
encarar que prazer é maior na lentidão do obsoleto
na fragilidade do obsoleto
na tremenda incompatibilidade
do obsoleto
com esta mundificação digital
imunda
depois dos futuristas
situacionistas surrealistas
cubistas anarquistas dadaístas
expressionistas pós-modernistas
poderá enfim chegar o tempo dos obsoletistas?
que são sobretudo
nada
de demasiado funcional
nada
de demasiado rápido ou imediato
nada
demasiado eficiente ou atualizado
os obsoletistas continuam a preferir
uma bela atualização manual
à hipótese do automatic update